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Mostrando postagens de junho, 2018
Solilóquio 4                                            DEI   UM   NÓ   NO   CÉREBRO                                                                                                                 Sérgio de Vasconcellos-Corrêa                                                                                                                         De uns dias para cá, pensamentos conflitantes começaram a povoar meu cérebro ocasionando dúvidas e incertezas às quais não dei maior importância. Com o passar do tempo, porém, situações e acontecimentos nunca vistos começaram a despertar minha atenção e a fazer parte do meu cotidiano, provocando o surgimento de interrogações e suspeitas nunca imaginadas. Como não creio na maldade de caso pensado, continuei a não dar importância a tais notícias considerando-as leviandades inventadas por línguas de trapo, descartando-as como inócuas invencionices e exageros destinados a testar a credibilidade dos ingênuos. Aos poucos, no entanto, comecei
Solilóquio 3                                                                                                                                  18-06-2018 Como é meu chapa, vai ficar aí parado olhando para o nada sem saber o que escrever? Vai? Será preciso cutucar os teus miolos para iniciar mais um bate papo? Ora, faça-me o favor, se precisar poderei estimular o teu prazer de contestar fornecendo o tema para mais uma pendenga, basta aceitar o meu convite, Foi com essas palavras que me dei conta de estar falando comigo mesmo. Confesso que não estava nadinha disposto a discutir coisa nenhuma. As notícias estampadas nos jornais do dia haviam acabado com o meu bom humor e a minha vontade era a de me enfiar na cama e só acordar no dia da volta do meu País à normalidade. Estou cansado de ouvir falar em corrupção, violência, facções criminosas; ligar a televisão e ficar surdo com a gritaria e a absurda tática de elevar o volume sonoro para anunciar os produtos comerciais; de ter que

Solilóquio 2

Precisei chegar aos 84 anos para entender Ruy Barbosa e concluir, “É, hoje tenho vergonha de ser brasileiro”. Não, não confundam “ser brasileiro” com “haver nascido no Brasil”. Não! A vergonha que me queima o rosto e o faz arder, é aquela que surge da constatação do ponto a que chegamos. Onde foram parar a honra, a honestidade, a moral, a cultura, os chamados “bons costumes” , o respeito ao nome de família, as amizades e outras tantas posturas, hoje consideradas meras velharias. Quando criança aprendi a nadar no rio Tietê. Sentia-me um verdadeiro curumim, mergulhando em águas límpidas e podendo contemplar deslumbrado os pequeninos “pitus” perseguidos pelas traíras, lambaris e outros peixes maiores e isso bem ali, na Penha, nos arrabaldes da cidade de São Paulo. Freqüentei o “catecismo” e na minha inocência de criança passei a acreditar e a respeitar os dogmas da Igreja, que hoje nem os religiosos respeitam, e não sei se ainda acreditam. Aprendi também os mandamentos: “nã

Solilóquio 1

Sérgio de Vasconcellos-Corrêa Às vezes me pego a matutar em voz alta. Foi o que aconteceu ainda hoje, quando dei por mim a questionar, encafifado, sobre a concordância que hoje fazem ao usar o numeral masculino referente à unidade de medida de massa, juntamente com o nome dado às gramíneas que costumam forrar os jardins, o substantivo feminino que o segue. Dava tratos à bola na tentativa de atinar com a lógica gramatical, que é taxativa, Deve-se distinguir “o grama” de “a grama”. A palavra grama é masculina quando designa unidade de peso e feminina quando significa relva. Confesso que cultivo uma teimosa resistência em aceitar tal preceito, pois, não posso conceber que ao chegar ao balcão de frios do supermercado, vá pedir ao balconista duzentas gramas de presunto e o infeliz desembeste às carreiras, até o jardim, a fim de apanhar duzentas gramíneas para atender ao meu pedido. Dentro do mesmo contexto, passa-me pela cabeça outra dúvida, podem até dizer que estou sofismando